Na Europa, as forças armadas e a população civil colaboram na luta contra o coronavírus
As nossas forças armadas desempenham um papel fundamental na contenção da propagação do vírus. Embora persistam inúmeras incertezas nas atuais circunstâncias, uma coisa é certa: a saúde é uma verdadeira questão de segurança.
No plano externo, a UE está a trabalhar afincadamente para ajudar a repatriar os cidadãos europeus que se encontram retidos noutros países. Está também plenamente mobilizada a fim de contribuir para forjar uma estratégia de resposta global e multilateral e ajudar os países frágeis e afetados por conflitos.
Na crise atual, a dimensão de segurança e defesa assume uma importância crucial. Ontem, no decurso de uma videoconferência dos ministros da Defesa da UE, debatemos o contributo das nossas forças militares para a luta contra o vírus. Além disso, os ministros acordaram na necessidade de a UE prosseguir o seu empenhamento em matéria de segurança através das suas missões e operações no estrangeiro. Embora persistam inúmeras incertezas nas atuais circunstâncias, uma coisa é certa: a saúde é uma verdadeira questão de segurança.
A União Europeia está a combater o coronavírus e as suas consequências em todas as frentes. No que diz respeito à vertente externa, estamos fortemente empenhados em contribuir para o repatriamento dos europeus que estão retidos no estrangeiro. Estamos também a envidar esforços no sentido de reforçar a coordenação global face à pandemia. E estamos igualmente a defrontar uma «infodemia» — a propagação de mensagens tóxicas que podem colocar vidas em risco.
O nosso pessoal de segurança militar e civil está a desempenhar plenamente o seu papel no combate à crise. Convoquei ontem uma videoconferência com os ministros da Defesa da UE, precisamente para discutir as implicações da COVID-19 para a segurança e a defesa europeias. Analisámos o papel das forças armadas no combate à crise e o impacto desta última sobre as missões e operações da UE em todo o mundo.
As nossas forças armadas desempenham um papel fundamental na contenção da propagação do vírus. Proporcionam apoio logístico e em matéria de transporte, constroem hospitais em tempo recorde, destacam o seu pessoal médico e apoiam a polícia e outros serviços nacionais. Fiquei impressionado com os numerosos exemplos, em toda a Europa, que ilustram o apoio concedido pelas forças armadas à população nestes tempos difíceis.
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Mas este trabalho não é unicamente realizado no interior das fronteiras nacionais: os aviões militares ajudaram a repatriar os cidadãos da União Europeia bloqueados no estrangeiro; transportaram doentes de um país para outro; fizeram entregas de material. Tudo isto são exemplos da solidariedade europeia em ação, que importa dar a conhecer. Quando a Europa é atacada pelos seus detratores — do interior e do exterior da UE — não devemos ter receio de repor a verdade dos factos.
A nível da UE, temos competências militares que podem ser mobilizadas para reforçar o apoio mútuo entre as forças armadas nacionais. E devemos utilizar plenamente esse recurso. É por esse motivo que estamos a criar um grupo de trabalho no âmbito do Serviço Europeu para a Ação Externa, liderado pelo Estado-Maior da União Europeia, para facilitar o intercâmbio de informações e boas práticas, comunicar mais e melhor sobre o que fazem os nossos militares e assim retirar os ensinamentos em conjunto. É importante partilhar os nossos conhecimentos, as nossas experiências e as nossas necessidades. A coordenação com os parceiros continuará, obviamente, a constituir um pilar fundamental do nosso trabalho — estou a pensar, em especial, na NATO e nas Nações Unidas.
O segundo ponto da nossa ordem de trabalhos foi a presença da UE no domínio da segurança para além das nossas fronteiras e o impacto do coronavírus nestas operações. Atualmente, a UE tem cerca de 5 000 mulheres e homens destacados sob a sua bandeira nos países vizinhos e noutros países, no quadro de 17 missões e operações civis e militares. Ontem, centrámo-nos especialmente nas operações militares. Estão atualmente em curso seis missões e operações militares. A mais recente é a EUNAVFOR MED IRINI, lançada na semana passada para apoiar a implementação do embargo de armas à Líbia e contribuir para o restabelecimento da paz e da estabilidade no país.
A nossa primeira preocupação consiste em garantir a saúde e a segurança do nosso pessoal e evitar que o coronavírus afete diretamente as pessoas que integram as nossas missões e operações. Este objetivo foi alcançado graças à aplicação atempada de medidas preventivas. No entanto, à medida que o vírus se propaga em todo o mundo, é essencial manter a nossa presença no terreno e continuar a apoiar os nossos parceiros, mesmo que, por vezes, seja necessário adaptar as nossas modalidades de trabalho.
É necessário ter em conta a forma como o vírus está a afetar as zonas de conflito em que a UE realiza operações. Existe um claro risco de que a pandemia venha a agravar os conflitos existentes. No interesse da paz e dos nossos parceiros, bem como no nosso próprio interesse, temos de continuar a apoiar os países e as regiões frágeis. É necessário enviar um sinal que indique que o nosso empenhamento em prol da paz e da segurança se mantém inalterado. Não podemos deixar instalar-se um vazio perigoso. Por conseguinte, acordámos com os Estados-Membros em manter o empenhamento e encontrar formas inteligentes de nos adaptarmos às circunstâncias sem interromper o nosso apoio, bem como, sempre que possível, em divisar meios para ajudar os nossos parceiros a reforçar a resiliência face à pandemia.
Por último, sabemos que a pandemia de COVID-19 terá profundas implicações estratégicas que, por sua vez, afetarão a política de segurança e defesa da UE. Esta pandemia tem vindo a demonstrar que a segurança não pode ser entendida em sentido estrito e que a saúde se tornou uma questão de segurança. Precisamos de refletir sobre a melhor forma de melhorar a nossa resiliência e desenvolver capacidades de defesa para fazer face a situações semelhantes no futuro. Enquanto enfrentamos a crise, tanto a nível interno como externo, é necessário planear o futuro — e temos de o fazer em conjunto.
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